Comparado com os dois primeiros trimestres do ano passado, o PIB dos EUA diminui o equivalente a 0,9% e, por conta disso, o país entra oficialmente em recessão técnica. Desta forma, o continente norte-americano enfrenta a maior inflação dos seus últimos 40 anos. E a fim de tentar reverter a situação atual, os juros estão mais altos. Essa queda do produto interno bruto e o aumento dos juros não têm acometido apenas os Estados Unidos, outros grandes países em termos econômicos também estão sentindo os efeitos negativos da diminuição de produção, bem como no consumo dos cidadãos.

Por se tratar de um dos países de economia central, a queda do PIB dos EUA poderá prejudicar não só os hábitos dos estadunidenses, mas do povo brasileiro também. Portanto, fique aqui conosco para entender o que está acontecendo na economia dos Estados Unidos e o que pode acontecer com a economia brasileira por causa disso.

O que é uma recessão técnica e quais são seus perigos?  

Uma recessão técnica, basicamente, é quando o PIB de um país cai por dois trimestres seguidos. Como já falamos, os juros no país estão aumentando para tentar reverter essa queda. Porém, quando os juros aumentam lá, os juros aumentam aqui também. Então, será mais difícil para o Brasil tentar fazer com que a inflação, que continua caindo, retorno a um ponto morto, por assim dizer, para tentar retomar à sua própria normalidade. Num panorama geral, essa é a fase em que o Brasil se encontra: na busca da diminuição da inflação.

Além disso, quando os juros aumentam nas economias centrais, os investidores migram seus investimentos para outros países mais estáveis e seguros. Consequentemente, os países em desenvolvimento (como o Brasil) acabam prejudicados por essa fuga de dólares, visto que não somos um país economicamente estável e seguro. E não apenas no Brasil, esta situação acaba por compor um cenário desvantajoso para todo o continente americano, visto que seu meio comercial não é tão sólido quanto ao europeu.

Quais são os possíveis motivos para o PIB dos EUA ter caído em 2022?

É bem verdade que o mundo inteiro está tentando se recuperar do caos em que a pandemia deixou a economia. Logo, assim como em outros países, o consumo da população diminuiu. E, segundo alguns especialistas, era esse consumo dos estadunidenses que estava adiando o aumento dos juros. O PCE, que é o Departamento do Comércio dos Estados Unidos, informou taxa anualizada de 7,3%.

É válido também deixar claro que mesmo com o aumento do desemprego, os Estados Unidos ainda tem uma taxa de desemprego muito baixa. Ademais, o poder de compra dos seus cidadãos é diferente do que as pessoas estão acostumadas no Brasil. Portanto, é de se esperar que eles não reajam da mesma forma que o nosso país reagiu quando se fala em recessão. Com um estilo de vida mais caro, o retorno de uma relação confiável com os bens de mercado é mais demorada, diferente da brasileira.

Vale lembrar que em 2021 o IBGE anunciou que o Brasil também tinha entrado em uma recessão técnica. Por causa da seca e da geada, a agricultura reduziu sua produção e isso afetou outras áreas da economia. Porém, essa recessão não se estendeu até o ano de 2022. Pelo contrário, segundo o site oficial do governo federal, o FMI (Fundo Monetário Internacional) tem uma expectativa de aumento de 2,8% para 2022.

Em outras palavras, os Estados Unidos tinham mais condições econômicas para “segurar as pontas” antes de sofrer uma queda econômica. Contudo, mesmo que seu PIB tenha diminuído, fatores como desemprego, por exemplo, estão melhorando e isso pode significar que o PIB dos EUA voltará a subir em breve. Assim como aconteceu com o Brasil em 2021.

O que isso significa para os brasileiros?  

Por ser um país emergente, o Brasil está sendo bem visado pelos demais países como uma ótima opção para investimento. Entretanto, com a queda do PIB dos EUA, o Brasil pode acabar sendo prejudicado. Mas, de que forma, além da fuga de capitais, esse prejuízo pode vir? Sabemos que o acontece em um país pode refletir nos outros. Então, acredita-se que esses serão alguns dos reflexos da queda do PIB dos EUA na economia do Brasil:

Preço de importações mais caro

Assim como os nossos juros poderão aumentar para reter dólares em território brasileiro, os juros dos Estados Unidos também estão aumentando. Se os juros estão aumentando, então, o preço dos produtos também. E assim, o brasileiro, que depende fortemente de produtos importados, poderá perceber o preço desses produtos ainda mais caro.

Menos exportação

Considerando que economias centrais estão diminuindo o consumo, isso também pode significar que talvez diminua a exportação, pois haverá uma demanda menor de produtos que os brasileiros costumam exportar para fora. Em outras palavras, se o Brasil vender menos para outros países, poderá demorar mais tempo do que espera para retomar o seu crescimento econômico.

Ainda assim, durante fala para comemorar a entrada do Brasil na OCDE, Paulo Guedes afirma que a economia brasileira, dentre os países que fazem parte do G7, só não terá uma inflação menor que o Japão. Então, podemos concluir que mesmo com um cenário de recuperação mundial, o Brasil está otimista em relação ao seu desempenho econômico nos anos seguintes. Isso porque o Ministro da economia acredita que já lidamos antes com o que outros países precisarão lidar agora.

Quais medidas estão sendo tomadas para melhorar o PIB dos EUA?

Como o país estará importando mais caro e exportando menos, as taxas de juro no Brasil deverão aumentar como efeito desses negócios prejudicados. O Federal Reserve (Fed), que é como se fosse o Banco Central dos Estados Unidos, aposta no PCE como sua medida de inflação favorita. Sendo assim, com os juros mais altos as pessoas irão comprar menos e a pressão inflacionária diminui. Depois disso, a situação poderá voltar ao normal. Afinal, eles têm uma estrutura econômica mais robusta para lidar com a inflação.