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Como não prejudicar seus filhos com crenças parentais?

Somos permeados por memórias de infância de momentos em que nossos pais despertavam nosso imaginário sobre o que é ou não real neste mundo.

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Como não prejudicar seus filhos
Como não prejudicar seus filhos

Papai Noel existe?

Somos permeados por memórias de infância de momentos em que nossos pais. Por meio de livros, televisão, músicas, teatro, nos mostraram existir coisas incríveis, fantásticas, que despertavam nosso imaginário sobre o que é ou não real neste mundo. Por mais inverossímil que pareça.

Veja como não prejudicar seus filhos uma vez que vivíamos cercados de lendas das mais diversas origens que nos guiavam o comportamento. As regras éticas da vida e as lições de moral. Dos personagens como Papai Noel, cegonha, coelho da páscoa, que nossos pais nos ensinavam como meio de compreendermos lições de moral, de onde vem as crianças e qual o sentido de ganhar chocolates.

Até até lendas urbanas como a loira do banheiro e o homem do saco, que nos ensinavam sobre o que temer, tudo isso formularam crenças em nossas cabeças, que nos influenciam até os dias atuais. Estes mitos e lendas serviram como mecanismos. Para que nossos pais nos ensinassem lições preciosas sobre como eles acreditavam que o mundo era, sem falar exatamente o que o mundo era.

Assim, quando nos dizia que Papai Noel iria nos dar um bom presente se fossemos “bons meninos ou boas meninas” eles queriam nos ensinar sobre como nosso esforço individual em sermos bons poderia ser recompensado. Da mesma forma, quando nós ouvíamos falar do “homem do saco”, isso servia para criar um sentimento de ameaça diante de qualquer sujeito desconhecido, estranho, que possa representar algum perigo.

De Papai Noel para a meritocracia

Conforme crescemos, estes mitos vão se afastando, mas as crenças em torno deles permanecem. Então, podemos não acreditar mais em Papai Noel. Mas permanece a crença de que o esforço individual traz frutos positivos, o que muitos chamam de meritocracia. O mito do homem do saco também desaparece, permanecendo a crença por trás deste mito:

A de que o perigo está sempre à espreita. Ou ainda, de que o mundo é um lugar ameaçador. Mesmo os mitos mais alegóricos e divertidos, como das lendas brasileiras do Saci Pererê, por exemplo, ficam na nossa memória como a crença de que o mundo sempre pode oferecer surpresas, alegria, mudanças.

Tudo é crença, e ela pode limitar

Estes exemplos não foram colocados aqui de forma desproposital. Eles simbolizam o que o autor Jeremy Clifton, em um estudo publicado “The Journal of Positive Psychology” trata por “crenças primárias”. Essas crenças têm como características um conjunto de ideia que dão corpo ao mundo, isto é, que caracterizam a forma como nós vemos o mundo.

Assim, nossas crenças sobre como o mundo nos recompensa, como ele nos ameaça ou como nos diverte, como nos exemplos dados, são constituidoras de nossos comportamentos mais básicos. Clifton, neste estudo, tenda demonstrar que, a depender da intensidade que nós temos destas crenças, elas de fato afetam nosso comportamento. Por exemplo, se acharmos que o mundo é um lugar que tem um “homem do saco” a cada esquina.

Então esta ideia vai se materializar em nossas cabeças, a ponto de impedir nossa ação, mudar nossas decisões, nos tornar paranoicos com tudo. Por outro lado, uma crença em torno do esforço individual sempre é recompensada. Pode nos cegar para condições da vida que não estejam sobre nosso controle. Assim, acreditar cegamente em meritocracia pode nos trazer a expectativa de que sempre um “Papai Noel” vai aparecer e nos dar aquilo que nós merecemos. Ainda que esta entidade, de fato não exista.

A virtude é o meio

As crenças que herdamos de nossos pais podem ser limitantes. Como nos exemplos acima, mas também podem ser libertadoras e edificantes, se forem associadas a uma visão de mundo realista e positiva. Por exemplo, se acreditamos que nosso esforço individual sobre um trabalho que nós controlamos o resultado será recompensado, faremos este trabalho de maneira assídua e responsável. Ao invés de alienada e desleixada.

Se nossos pais nos ensinaram que Papai Noel irá recompensar o bom menino. Explicarem que ser um bom menino significa praticar atitudes que realmente mudem a vida dos outros para melhor, isso pode sim se constituir numa crença que nos guie para atitudes edificantes.

Vejamos o exemplo do “homem do saco”. Se junto com esse mito, nos fosse ensinado sobre os motivos para o homem do saco ser mal e como evitar estes perigos seria bom. A paranoia e o medo limitantes podem se transformar em uma verdadeira estratégia de segurança pessoa. O homem do saco deixa de ser uma ameaça irracional. Se transforma em um conjunto de alertas válidos para uma atitude mais prudente em relação à vida.

As crenças nascem na infância

Usei os exemplos dos mitos infantis como uma forma de ilustrar algo que é muito importante na psicologia. A de que estas crenças parentais veem da infância. Nossos pais podem ter sido do tipo sinceros, e jamais terem dado corda pra ideia de que Papai Noel existe. Porém, ainda que este seja o caso, é na infância que se formam as crenças primárias. Ali vai se consolidar a visão de mundo que vai nos servir como diretriz para nosso comportamento a partir de então.

Diante disso, e os nossos filhos?

Agora, munidos da informação de que os mitos vão se consolidar como crenças e estas podem limitar o comportamento, como agir? Iremos evitar ensinar ou dar exemplos ainda que simbólicos sobre o mundo? Simplesmente não dá para abrir mão de transmitir nossas crenças enquanto pais. Nossos filhos vão absorver nossa visão de mundo ainda que sejamos mudos em relação a tudo.

Se evitarmos contato com medo de limitarmos o comportamento deles estas crenças virão de outros lugares. Imagina só se ao invés de Papai Noel, a única crença de nosso filho seja na “Loira do banheiro”, que todo mundo aprende na escola? Assim, a questão não é reduzirmos as crenças primárias.

Mas sim entendermos que o papel delas é tão importante que não basta apenas reproduzir velhas histórias enquanto pais. Precisamos, com responsabilidade e afeto, construir em nossos filhos crenças que lhes deem possibilidade de enxergar o mundo no que tem de melhor. Para que eles não percam oportunidades para serem cada dia mais felizes.

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